segunda-feira, 4 de julho de 2016

Meu amigo Panda

Certo dia, eu conheci um médico que parecia um panda. Isso mesmo: um panda! Mas não qualquer panda: ele parecia com o Kung Fu Panda, o adorável urso Pô que ganhou trilogia animada e milhares de corações ao redor do mundo. Como mãe, o personagem me chegou através das intermináveis seções de desenho proporcionadas pelo meu filho e me provou que, sim, é possível aprender muito com o mundo encantado dos personagens lúdicos.

Tal e qual o Panda Pô, este médico não teve um início de vida fácil. Ainda bebê precisou lutar, praticamente sozinho, contra a morte, a qual tentava prematuramente sequestrá-lo. Foram meses enfiado em uma encubadora, seu corpinho diminuto cheio de fios e manchinhas roxas. Mas ele lutou. Foi um verdadeiro guerreiro. Já naquela época, dava sinais de que enfrentaria grandes batalhas e, de todas elas, sairia vitorioso.

A história do Kung Fu panda é similar. Nascido em uma harmoniosa família de pandas, a qual vivia em uma pacata vila no coração da China, ele foi abruptamente separado de seus pais pela sanha vingativa de um Pavão, o qual tinha como objetivo dominar todo o país. A mãe, por amor ao filho, deixou-o em uma embarcação, da qual não sabia o destino, e sacrificou a própria vida para mantê-lo a salvo. Por sorte, o barquinho levou Pô até o Ganso que seria o seu pai e o criaria com todo o amor.

Já adulto e sem memória dos acontecimentos de sua infância, Pô foi ao encontro de seu destino: tornar-se o Dragão Guerreiro. E, embora nem mesmo ele acreditasse que isso fosse possível, nunca desistiu, persistindo em seu objetivo. Seu Mestre e seus companheiros de kung fu mal podiam crer que um panda, gordo e atrapalhado, pudesse vir a se tornar o mais poderoso dos guerreiros da China. Ao terminar o treinamento e compreender o seu papel, Pô aprendeu que qualquer um poderia ser o que desejasse, bastava apenas um pouco de fé. E, pela fé em si mesmo e no mundo, o panda tornou-se o maior guerreiro da China.

Nas sequências, Kung Fu Panda 2 e 3, a animação apenas reforça os valores os quais tão brilhantemente ensina: que qualquer um pode alçar seus objetivos; que o que vale é o caminho, mesmo que o início da história não tenha sido bom; e que não é possível fugir de nossa essência, daquilo que estamos predestinados a nos tornar. Na terceira e última parte da saga, o Panda finalmente reencontra seu pai e membros de sua família. Entra, enfim, pela primeira vez, em contato com seus iguais. E, mais uma vez surpreendendo, ensina às crianças a importância de se respeitar as diferenças e de crescer pela diversidade e pelo amor. Só assim, então, ele compreende e aceita a sua essência de verdadeiro mestre das artes marciais – e se torna, em corpo e alma, o que sempre esteve predestinado a ser: o Dragão Guerreiro.

Assim eu também enxergo este médico. Eu não sei se ele entende tudo isso. Na verdade, acho que se chateia pois deve crer que o apelido tenha mais haver com as semelhanças físicas e DIVERTIDAMENTE comportamentais. Eu gostaria apenas que ele visse o que eu vejo. Que o fato de ele ser um panda o faz ser ainda mais amado por todos – pois todos amam pandas, isso é fato! Entretanto, há mais! Muito mais! Ver nele o Panda Pô significa, também, enxergá-lo como o Dragão Guerreiro. Como o valente cavaleiro que nunca desistiu de seus sonhos, que acreditou em si mesmo desde o início e que fez de sua história apenas um caminho para que viesse a se tornar o mais belo dos profissionais - aquele que se doa pelo outro, para o outro, numa luta incessante pela vida.


Tal e qual Pô, este médico nunca abandonou seus ideais, seus valores ou seus amigos. Sempre esteve ao lado da verdade, da ética e sempre, sempre foi pela maioria. Muitas vezes colocou-se em segundo plano e fez das tripas coração para se doar por inteiro, sem receber nada em troca, apenas por ter plena ciência da grandeza de seu papel na vida. Seu jeito divertido só deixou a caminhada mais leve e muito mais atrativa. Então, viva ao Doutor Panda! E que o mundo fique repleto de mais e mais pandas – vivemos em tempos nos quais precisamos de muitos Dragões Guerreiros.

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